Luis Fabiano foi de aluno-problema a solução no ataque da seleção





31/05/2010 - Era difícil encontrá-lo nas salas de aula da Escola Estadual Professor José Vilagelin Neto, em Campinas. Mas bastava ir ao "Buracanã", um campinho de terra no bairro de Jardim Proença, para achar Biro. O apelido da infância veio por causa do cabelo enrolado, parecido com o do ex-jogador do Corinthians.

Luis Fabiano não foi um aluno exemplar. Foi reprovado duas vezes. Era levado, só arrumava confusão na colégio. Adjetivos não faltavam na ficha escolar: indisciplinado, mal-educado, brigão... Fala palavrão, furou a fila da merenda, brigou e bateu no Belarmino! Coitado do Belarmino, Luis...

- Era um pequeno meio esquentado (risos). Não gostava de levar desaforo para casa. Sempre arrumava confusão. Dei muito trabalho, sim! Inclusive na escola. Faltava muito para jogar bola. Minha mãe sempre era chamada na escola (risos) - lembra o atacante, em entrevista ao repórter Tino Marcos, da TV Globo.

Menino levado e bom de bola, Luis Fabiano é o 16ª personagem da série de reportagens especiais do Jornal Nacional sobre os 23 convocados pelo técnico Dunga para a Copa do Mundo de 2010.

O atacante nasceu no dia 8 de novembro de 1980, em Campinas. Momento difícil na família Clemente. Sem marido, Sandra iria criar o filho sozinha. Mas o avô Benedito assumiu a responsabilidade de cuidar do neto. Não tinha luxo, não tinha muitas regalias. Mas nunca faltou nada em casa.

Sandra trabalhava em uma escola de crianças. O avô era aposentado. Luis Fabiano era uma criança difícil. Não gostava de estudar, era esquentado. Só queria saber de jogar futebol.

- Era dar uma laranja para ele, que colocava no chão e saía chutando. Ele era um garoto com o futebol na veia mesmo. Era só bola, bola. Era fácil dar presente a ele. Só dar uma bola que ele ficava feliz, que estava legal. Nada de videogame. Ele só queria jogar bola. Estudar era na marra mesmo. Era só futebol, futebol, futebol - lembra o tio Paulo.

Luis Fabiano foi de aluno-problema a solução no ataque da seleção
Atacante tinha apelido inspirado em Biro-Biro e jogava em um campinho chamado de Buracanã.

Era difícil encontrá-lo nas salas de aula da Escola Estadual Professor José Vilagelin Neto, em Campinas. Mas bastava ir ao "Buracanã", um campinho de terra no bairro de Jardim Proença, para achar Biro. O apelido da infância veio por causa do cabelo enrolado, parecido com o do ex-jogador do Corinthians.

Luis Fabiano não foi um aluno exemplar. Foi reprovado duas vezes. Era levado, só arrumava confusão na colégio. Adjetivos não faltavam na ficha escolar: indisciplinado, mal-educado, brigão... Fala palavrão, furou a fila da merenda, brigou e bateu no Belarmino! Coitado do Belarmino, Luis...

- Era um pequeno meio esquentado (risos). Não gostava de levar desaforo para casa. Sempre arrumava confusão. Dei muito trabalho, sim! Inclusive na escola. Faltava muito para jogar bola. Minha mãe sempre era chamada na escola (risos) - lembra o atacante, em entrevista ao repórter Tino Marcos, da TV Globo.

Menino levado e bom de bola, Luis Fabiano é o 16ª personagem da série de reportagens especiais do Jornal Nacional sobre os 23 convocados pelo técnico Dunga para a Copa do Mundo de 2010.

O atacante nasceu no dia 8 de novembro de 1980, em Campinas. Momento difícil na família Clemente. Sem marido, Sandra iria criar o filho sozinha. Mas o avô Benedito assumiu a responsabilidade de cuidar do neto. Não tinha luxo, não tinha muitas regalias. Mas nunca faltou nada em casa.

Sandra trabalhava em uma escola de crianças. O avô era aposentado. Luis Fabiano era uma criança difícil. Não gostava de estudar, era esquentado. Só queria saber de jogar futebol.

- Era dar uma laranja para ele, que colocava no chão e saía chutando. Ele era um garoto com o futebol na veia mesmo. Era só bola, bola. Era fácil dar presente a ele. Só dar uma bola que ele ficava feliz, que estava legal. Nada de videogame. Ele só queria jogar bola. Estudar era na marra mesmo. Era só futebol, futebol, futebol - lembra o tio Paulo.


Luis Fabiano não saia de um campinho que havia perto de casa. Ele e os amigos até apelidaram o local. Um mistura de "buraco com Maracanã".

- É uma praça no alto e o campo fica lá, lá em baixo. Então a gente chamava de “Buracanã”. Foi onde tudo começou. Onde a gente batia as peladas em qualquer hora. Era um tempo bom porque eu não fazia nada. Só jogava bola, não tinha responsabilidade, não queria saber de nada. Foram tempos bons, mas com certeza hoje é melhor (risos). Hoje é maravilhoso - disse o atacante da seleção brasileira.

Criança, Luis Fabiano já participava de jogos na várzea com equipes amadoras como Alvorecer e Arco-íris. Atuava em outra posição: era meia-direita. As partidas do artilheiro eram sempre acompanhadas de perto pelo avô Benedito, o maior incentivador. Foi ele quem conseguiu um teste em 1994 no Guarani. O artilheiro tinha 14 anos. Passou. Mas só ficou um ano no clube. Acabou dispensado quando estava no infantil.

- Na troca de categoria fui dispensado. Era muita gente. O treinador chegou para mim e falou “tem muitos, não vai dar para você ficar”. Com 14 anos, eu me desanimei. Pensei, agora então vou ficar sem jogar - disse Luis Fabiano.

- Criança, moleque, era meio complicado. Ele não tinha noção de que precisava treinar a parte física também. Ele só queria saber de jogar bola. Quando tinha treino físico ele não ia (para o Guarani). A molecada chamava para bater uma pelada no campinho "de não sei aonde" e ele ia. Aí o pessoal do Guarani pensou que ele não servia e foi dispensado - conta o tio Paulo.

Fora do Guarani, Luis Fabiano desanimou. Seu Ditão então arrumou um trabalho para o neto em uma oficina de carros no bairro. O dono era um velho amigo da família. Mas não deu muito certo. Era passar um garoto pela rua e chamar para "uma bolinha", que o Fabuloso arrumava uma desculpa, saia do trabalho e só voltava no fim do dia. Dois meses depois, o avô de Luis Fabiano foi surpreendido certo dia na rua...

- Passou um tempo e o meu pai cruzou com esse amigo na rua. Ele deu um tapa nas costas dele e falou “Ditão, vou dar um conselho para você. Você é muito meu amigo, legal, seu neto é gente boa, mas deixa o moleque jogar bola porque, para trabalhar... pode esquecer” - lembra o tio Paulo.

Luis Fabiano tentou também a vida como auxiliar na carga e descarga de caminhões.

- O pai de um amigo tinha vários caminhões e de vez enquanto ele buscava alguém para ajudá-lo. E como eu não fazia nada, eu sempre falava “eu vou com você”. A gente ia para o Seasa, carregava o caminhão, e levava para o supermercado em São Paulo. Para mim, com 15 para 16 anos, era uma festa fazer isso. Andava de caminhão e ainda ganhava dinheiro.

No final de 1995, surgiu uma nova oportunidade de voltar aos gramados por meio de um convite de um amigo que jogava na equipe juvenil do Ituano. Luis Fabiano passou no teste e, um ano depois, transferiu-se para a Ponte Preta, realizando um sonho antigo do seu avô que era torcedor fanático do clube.

- Quando eu cheguei na Ponte Preta me colocaram como centroavante. Falaram que eu tinha mais o biótipo. Alto, forte. E na Ponte Preta que comecei a fazer muitos gols. E aí falei: “é aqui o meu lugar”. Achei o meu lugar.


Seu Ditão faleceu em setembro de 2000. Não chegou a ver o neto vestir a camisa da seleção brasileira. Mas teve a alegria de torcer por ele na Ponte Preta e de fazer uma viagem até a França.

- Ele sempre esteve ao meu lado, me apoiando, nos momentos difíceis. Ele era o meu fã número 1, andava com os recordes de jornal no bolso. Eu tive a alegria de levá-lo para a França quando fui jogar no Rennes. Essa foi a maior alegria dele. Ir a Rennes e assinar o contrato junto comigo com um time europeu. Ele que sempre apostou em mim. Ele era bastante disciplinador, muito duro. Não gostava de me ver brigando, não gostava de confusão. Ele praticamente foi o meu pai. Gostaria de ganhar a Copa para homenageá-lo.

Luis Fabiano não conviveu com o pai. E prefere manter a distância. O atacante olha com orgulho para a mãe, que o criou com muito sacrifício.

- Minha mãe sempre foi uma guerreira. Sempre batalhou para dar o melhor para a gente. E hoje ela pode depois de muito trabalho e sofrimento desfrutar de tudo isso que eu venho passando. De ter uma condição melhor para viver.

No São Paulo, a carreira do atacante explodiu. Com apenas 23 anos, Luis Fabiano tornou-se um dos maiores artilheiros da história do clube. Com 118 gols em 160 partidas, o jogador possui a segunda maior média (0,74 por jogo), atrás apenas de Arthur Friendereich.

A fase mais difícil da vida de Luis Fabiano foi em 2004. A mãe do atacante foi sequestrada em Campinas. Foram dois meses de poucas informações e muita apreensão.


Foi um momento muito difícil onde eu estava no Porto tentando encontrar a minha melhor forma, o meu melhor momento dentro do clube e veio esta notícia ruim. Em um primeiro momento fiquei desesperado querendo ir embora para o Brasil. Mas depois de muitas conversas (com policiais) achei melhor ficar na Europa mesmo e continuar a minha vida. Foi muito difícil, sem notícias, do outro lado do mundo. Meu tio teve que sair do trabalho, minha família teve que mudar a rotina de vida. Foi um momento muito difícil, mas deu tudo certo. Não aconteceu nenhuma tragédia. Foram dois meses de muita angústia.

Mas os problemas ficaram no passado. Depois que se tornou pai de Giovana e Gabriela, o atacante passou a se controlar mais em campo. A fase de bad boy ficou para trás. E o sonho de disputar uma Copa do Mundo finalmente chegou.

- Não é mole. Se olhar, nos últimos dez anos os atacantes da seleção foram os melhores do mundo. Romário, Ronaldo, Careca... É uma posição que é muito cobrada. Você tem que sempre dar conta do recado. Mas eu me sinto preparado para tudo isso. Acho que tenho condições de dar alegria e ajudar a seleção na Copa. Batalhei muito para chegar até aqui. Fiz de tudo o possível para conquistar o meu espaço dentro da seleção. São dois anos de muitas alegrias, muitos gols, de quebras de tabu, de títulos.

Luis Fabiano disputou 36 partidas pela seleção brasileira e marcou 25 gols. Campeão da Copa América em 2004 e da Copa das Confederações em 2009, o atacante é o artilheiro da Era Dunga com 19 gols em 24 jogos. Ganhou até um rap embalado pela boa fase. A letra, o atacante sabe de cor: "Prazer, eu sou Luis Fabiano / Faço gol, meto gol e continuo lutando / Prazer, prazer, sou Luis Fabiano / Faço gol, meto gol e continuo lutando".



Saudações Fabianistas

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1 comentários

  1. Parabéns, Luis Fabiano. A escola "nota zero" não apagou o seu brilho.
    O Brasil ganhou da Costa do Marfim por 3 a 1, com um gol do Elano e 2 gols de Luis Fabiano...

    Luis Fabiano é aquele aluno da escolinha estadual Professor José Vilagelin Neto, Campinas/SP... uma escolinha "NOTA ZERO" que tratava o Luis Fabiano como "indisciplinado" e lhe aplicava suspensões por todo e qualquer motivo. (Diário de SP, 17/11/2003).
    http://movimentocoep.ning.com/

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