Seleção tem Delegado e Biro-Biro no ataque e Pernalonga na defesa


03/06/2010 - Com uma bomba de falta, "Cheque em branco" fez o primeiro gol. Logo depois, "Pingo" lançou "Delegado", que tocou com categoria na saída do goleiro para fazer o segundo. No último, um belo lance. "Dan" tabelou com "La Bestia", e tocou para "Maritaca", que só teve o trabalho de completar para o fundo da rede. Brasil 3, Zimbábue, 0. Calma, ninguém enlouqueceu. A descrição dos gols da vitória da seleção no último amistoso bem que poderia ser assim mesmo. Afinal, na intimidade, os jogadores brasileiros que vão disputar a Copa do Mundo são conhecidos de outra forma por amigos e familiares.
Quando era criança, o talento de Michel despertava a atenção dos amigos da família Bastos. Aos dez anos, ele já era chamado de “cheque em branco” por pessoas próximas a Argeu, pai do lateral e ex-jogador do Brasil de Pelotas. Uma brincadeira para simbolizar que o garoto faria sucesso no futebol e, acompanhado a isso, ganharia muito dinheiro. Em casa, o pai Argeu também chama o filho de “mordomo”, por administrar os bens da família.

Fabuloso para a torcida, Biro em casa para o tio Paulo. Luis Fabiano carregada até hoje o apelido que ganhou dos amigos no “Buracanã”, um campinho de terra que jogava em Campinas na infância.

- Chamo até hoje o (Luis) Fabiano de Biro. O cabelo dele era meio “sarara”. E aí a garotada da rua e os amigos o chamavam de Biro-Biro. Mas para a maioria da família é Fabiano também – lembra o tio Paulo em entrevista ao repórter Tino Marcos, da TV Globo.

No caso de Maicon, o apelido surgiu por causa do avô. Ele tinha dificuldade para pronunciar os nomes dos netos. Então resolveu simplificar. Em vez de Marlon e Maicon, passou a chamá-los de “Pingo” e “Fofo”.

- Meu avô que me colocou esse apelido (Pingo). Ele não sabia pronunciar direito o meu nome. Ele já estava com uma certa idade. E como eu era menor ele passou a me chamar de "Pingo" (de gente). Já o meu irmão (gêmeo) que era um pouquinho mais forte virou “Fofo”. O fato é que no meu bairro ninguém me chama pelo meu nome. Todo mundo fala “Pingo” porque é como eu cresci e como as pessoas me conhecem por lá.

Robinho é um dos jogadores da seleção que mais gosta de apelidar os companheiros. Elano rapidamente virou “Maritaca”. E o incansável Ramires ficou conhecido como o “Queniano Azul”. Já Kleberson é o “Penta” do grupo, por causa do título mundial de 2002. Na infância, o meia do Flamengo era chamado de “Xaropinho”.

O que pouca gente deve saber é que o extrovertido atacante do Santos também tem seus apelidos de infância. Robson era chamado de “Gordo” pela mãe Marina, e de “Delegado” pelo pai Gilvan. Robinho era só para os amigos de futebol por ser o menor da turma.

- Meu pai dizia que era eu quem mandava em casa quando ele não estava. Aí ele me chamava de “delegado”. Já a minha mãe me apelidou de “gordo”. E para ela eu sou o “gordo” até hoje, mesmo com apenas 20 quilos - brincou o santista.

Lúcio, na verdade, não é Lúcio. Dona Olindina, mãe do capitão da seleção brasileira, faz questão de continuar chamando o filho pelo nome de batismo: Lucimar. Mas quando saiu de Brasília e foi para Porto Alegre jogar no Internacional, ele sofria com as brincadeiras dos companheiros que consideravam o nome meio afeminado. Guto Ferreira, técnico do zagueiro na época, sugeriu, então, a mudança. Desde 1997, Lucimar virou Lúcio. Menos em casa... Dona Olindina não se acostumou com o nome que o filho passou a carregar nas costas.

- Falo com ela. Mãe, eu sou o Lúcio, não sou o Lucimar (risos). Mas não tem jeito. E minha esposa também, às vezes, para me cutucar me chama assim. As crianças quando querem pegar no meu pé fazem a mesma coisa (risos). Para mim hoje até soa estranho – disse Lúcio.

Deste a infância, o zagueiro da seleção conviveu com apelidos. Eram várias as formas que Lucimar era chamado por familiares e amigos. Em casa, virava Dentão, Pernalonga ou Coelhão para irmãos Luciano e Leandro. Tudo por causa dos dentes que saltavam um pouco para fora. Já os companheiros de futebol do Planaltina, clube do Distrito Federal em que iniciou, ganhou um apelido mais famoso, capaz de mostrar como era respeitado: Baresi, um dos maiores defensores da história do futebol italiano, que estava no auge da carreira na época. A lista não para por aí. Quando a religião entrou na vida do zagueiro e ele passou a frequentar a Igreja Evangélica, logo ganhou um novo apelido entre os novos amigos: “Pastor”.

Assim como Lúcio, Thiago Silva também era meio dentuço na infância. E não demorou muito para os “amigos de pipa” de Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, passarem a chamá-lo de “Rato”. Mas não era o único apelido do zagueiro. Em casa ele era chamado de Tico, Tim e Aguinho.

Em Lagoa da Prata, cidade do interior de Minas Gerais, Gilberto Silva cresceu rápido e logo quis entrar para times amadores da região. Jogava como meia, era o camisa 10. Mais alto do que os outros garotos da idade, ele passou a ser chamado de “Galo do Campo” pelos amigos por causa das pernas compridas. Sorte que o apelido não pegou. Ao contrário de “Giba”, como é conhecido pelos companheiros de seleção brasileira. Para a família, virou Beto.

Kaká nasceu Ricardo. O apelido foi dado pelo irmão mais novo, Rodrigo, que não conseguia pronunciar o nome inteiro. Quando chegou aos profissionais, em uma jogada de marketing, trocou o Cacá da família pelo escrito com “K”.

Grafite ganhou o famoso apelido quando chegou para jogar na Matonense. O técnico Estevam Soares não gostou quando o atacante se apresentou sendo chamado de Dina, uma abreviação de Edinaldo. Achou que não seria capaz de impor respeito. Então, lembrou de um ex-jogador que se parecia com o garoto. Alto e forte. E Edinaldo herdou o apelido.

Assim como Grafite, o camisa 22 da seleção também precisava de um apelido. Afinal, Doniéber não é um nome muito comum e fácil de guardar. Logo surgiu a opção de Doni. Outros jogadores também são conhecidos por amigos e familiares com diminutivos. Daniel Alves vira Dan. O goleiro Julio Cesar é “Cesinha” quando chega a Grajaú, bairro do Rio de Janeiro. Josué é o “Zu” na casa da família Oliveira, em Vitória de Santo Antão, interior de Pernambuco. Assim como Nilmar virou o “Nil” na casa dos pais em Bandeirantes, pequena cidade do Estado do Paraná.

O apelido de Gilberto vem de casa. Com seis irmãos que viraram seguiram carreira nos gramados, o lateral herdou também o nome que a família Silva Melo era conhecida no meio futebolístico.

- Meu irmão mais velho que tinha o apelido, o Nilson. Não sei porque surgiu isso de começarem a chamá-lo de Marrecão. Foi passando para o meu irmão Nilderson, depois para o meu irmão Nenê, depois para o Nélio... Aí pegou. Eu comecei a jogar no salão e falavam que eu era o “Marrequinho”, irmão do Marreco.

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